Para Portugal, a realização do “Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social” (AECPES) cria uma oportunidade única de sensibilização dos mais variados agentes para as questões da pobreza e da exclusão social no sentido de alertar para os seus contornos, não só a nível das suas consequências mas também a nível das suas causas. Além disso, poderá permitir questionar estratégias implementadas sem grandes resultados e delinear novas estratégias capazes de atenuar ou erradicar alguns dos problemas diagnosticados. O número de pobres que as estatísticas revelam em Portugal, com os rostos que reflectem, deverão ser a grande base para questionar tanto as políticas implementadas ao longo dos últimos anos em que estes números teimam em não se reduzir, como as mentalidades e comportamentos de toda uma sociedade que longe de contrariar e erradicar a pobreza, mais parece que a potencia e multiplica. Como tal, as tão sentidas desigualdades salariais e sociais, a corrupção, o oportunismo, a exploração, a especulação, a indiferença, entre outras atitudes que ecoam pela praça pública, não poderão deixar de ser discutidas, debatidas, dirimidas e resolvidas em prol de mais coesão social, mais transparência e honestidade democráticas, mais sentido de respeito pela dignidade de todos e de cada um dos seres humanos, mais preocupação pelo bem comum e mais participação cívica, de forma plena, consciente e activa. Paulo Neves, Cáritas da Guarda