sexta-feira, 18 de setembro de 2009

XXV Domingo Comum B


O primeiro entre vós
seja servo de todos
(Mc 9, 35)

À medida que se aproxima a paixão e morte do Mestre, os Apóstolos discutem sobre a conquista e sobre os cargos de poder que irão ocupar no futuro. Jesus, decide, então, reunir à sua volta os Doze e, nesse contexto, formula o código da autoridade cristã na frase límpida e radical: “Se alguém quiser ser o primeiro, seja o último de todos o servo de todos”. Esta atitude de doação total configura o discípulo na sua genuína dignidade.
Apreendemos imediatamente que esta é uma definição do próprio Jesus, que é o primeiro enquanto último de todos e servo de todos. O primado do amor ultrapassa o do egoísmo. A
liberdade que nos torna semelhantes a Deus, passa por nos tornarmos, por amor, escravos uns dos outros. Jesus substitui a vontade de ser o primeiro no ter, no poder e no aparecer, pelo desejo de servir e de acolher o mais pequeno. Esta é a grandeza de Deus. Vivendo o amor não nos servimos do outro, mas servimo-lo; não lhe roubamos o que tem, mas despojamo-nos, a seu favor, de tudo o que temos e até de nós próprios. Os santos compreenderam bem a lição, afirmando, como S. Vicente de Paulo, que o pobre era o seu patrão.






HUMILDADE
Junto a um rio, que tinha por margens as montanhas, viviam uns jovens que pretendiam uma vida mais simples conforme o seu espírito para alcançar o bem. Mas, como desejavam ser mais do que eram, reuniram-se à volta de um ancião, a quem chamaram superior.
Passaram-se anos. Naquele vale fizeram um mosteiro e o grupo cresceu. Nas redondezas este grupo tinha fama de santo e até de milagreiro.
Mas os primeiros jovens que fundaram o mosteiro não estavam contentes. Um dia, durante a reunião semanal, Cassiano disse que abandonava o grupo, porque eles não viviam a austeridade e a pobreza. Bruno também falou e acusou a comunidade de não ser generosa e não se entregar aos outros. A seguir, Geraldo também entrou em si e viu que a comunidade rezava pouco: só sete vezes por dia! Ele queria mais, e assim anunciava a sua saída. Por fim, Hilário também manifestou o seu descontentamento: a comunidade trabalhava pouco; estava a tornar-se comodista.
Assim, aqueles quatro monges, desejosos de uma maior perfeição, saíram e foram para o mundo à procura de uma maior exigência. O superior calou-se. Apenas lhes disse que estava disposto a recebê-los de braços abertos, se um dia quisessem voltar.

Passaram-se muitos anos...
Um dia, anciãos de barbas brancas bateram à porta do convento. O superior veio recebê-los.
Cassiano pediu para ser readmitido, pois queria ser pobre e austero. Bruno queria ser mais generoso e por isso voltou. Geraldo vinha à procura de paz para rezar. Hilário queria trabalho constante mas não desumanizante.
O superior recebeu-os de braços abertos e sorriu.
Nos quatro monges houve uma transformação importante: antes pensavam que eram bons e exigiam muito aos outros, Agora eram humildes e começavam a ser exigentes consigo mesmos.
(A. G. Barbosa)







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segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Faça-se a tua vontade

Faça-se a tua vontade

Meu Deus,
É esta a minha oração:
Fere a raiz da minha miséria.
Dá-me força
Para levar facilmente
As minhas alegrias
E os meus pesares.
Dá-me força para que o meu amor
Produza frutos úteis.
Dá-me força
Para renegar nunca renegar do pobre
Ou dobrar o joelho
Ao poder do insolente.
Dá-me força
Para levantar o meu pensamento
Sobre a mesquinhez quotidiana.
Dá-me força, por fim,
Para, apaixonado,
render a minha força
À tua vontade.
(R. Tagore)

XXIV Domingo Comum B



“Se alguém quiser seguir-Me,
renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me”
(Mc 8, 34)


Jesus, num lugar afastado das multidões, coloca aos discípulos a seguinte questão: “Quem dizem por aí que eu sou?”. Em seguida, depois de os ter escutado, pergunta-lhes: “E vós, quem dizeis que eu sou?”. Pedro responde: “Tu és o Messias”.
Mesmo faltando a Pedro a plenitude da luz, que receberá como fruto do acontecimento pascal, a sua resposta está certa, ele compreendeu que Jesus é o enviado definitivo de Deus, o cumprimento de todas as esperanças que marcaram a história de Israel.

Contudo,sobre este assunto, Jesus impõe o silêncio aos seus discípulos. Eles ainda não estavam preparados para compreender como é que Jesus seria o Messias; precisavam de viver a experiência da Páscoa para poderem dar uma resposta cabal à pergunta que Jesus lhes tinha colocado.
Entretanto, esta situação oferece ao Senhor a possibilidade de apresentar a todos as condições para o poderem seguir: “Se alguém quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e
siga-Me”.
São as condições exigentes e fortes que Jesus nos coloca tambéma nós.
Primeiro (“Renuncie a si mesmo”), Jesus pede ao seu discípulo a renúncia total a si mesmo: à própria vontade, às próprias aspirações e projectos, numa palavra a submissão plena à vontade do Pai, à semelhança do que Ele fez.
Com a segunda condição (“Tome a sua cruz”), Jesus pede aos discípulos a coragem para enfrentarem as perseguições, as calúnias, a oposição da opinião pública. Significa também abraçar todas aquelas situações que nos causam sofrimento: doenças, incompreensões, contratempos, fracassos.
Com a terceira condição (“Siga-me”), Jesus chama o seu discípulo a ser decidido, perseverante, a que coloque seriedade no compromisso de O seguir.
Como Jesus que “perdeu a sua vida” e a reencontrou em plenitude na ressurreição; do mesmo modo, o discípulo, renunciando ou mortificando-se a si mesmo por causa da fidelidade ao Evangelho, permitirá que se realize plenamente o projecto de Deus a seu respeito, experimentará a plena realização de si mesmo.