Brilha sobre ti a glória do Senhor (Is. 60,1)
A Epifania é um dos acontecimentos que sempre causarão admiração à humanidade. Neste episódio, Deus, por amor, não defende ciosamente a sua dignidade: faz-se Menino num abrigo de pastores, nu sobre a palha, o último entre os nascidos de mulher. Diante d’Ele, como num sonho, vemos o poder, a riqueza, a ciência, o orgulho "desfazerem-se" num gesto de adoração e numa declaração comovedora: "Tu és o meu Senhor, o meu único bem!"
Tudo começou com uma pequena luz, primeiro ténue no mais profundo do coração, depois tornou-se estrela que guia e ilumina os passos, orienta no meio das tentações dos reis e dos sábios, dá apoio até finalmente se consumar na grande luz, no sol que é Jesus.
A história dos Reis Magos é também a nossa história que deve começar ou já começou com a Palavra de Deus feito homem, Jesus. Uma palavra que cresce e se faz carne sempre que acreditamos nela, vivendo-a, traduzindo-a em escolhas de vida, numa estrada nova para seguir, em verdade que nos liberta dos ídolos das nossas ideologias.
Enquanto, olhando para os Reis, "sonhamos" toda a humanidade prostrada diante de Deus que veio habitar entre nós, procuremos manter viva a estrela que encontrámos. Já são muitas as estrelas que brilham no mundo inteiro.
Poema de Natal
Se considero o triste abatimento
Em que me faz jazer a minha desgraça,
A desesperação me despedaça,
No mesmo instante, o frágil sofrimento.
Mas súbito me diz o pensamento,
Para aplacar-me a dor que me trespassa,
Que Este que trouxe ao mundo a Lei da Graça,
Teve num vil presepe o nascimento.
Vejo na palha o Redentor chorando,
Ao lado a Mãe, prostrados os pastores,
A milagrosa estrela os reis guiando.
Vejo-O morrer depois, ó pecadores,
Por nós, e fecho os olhos, adorando
Os castigos do Céu como favores.
Manuel Maria Barbosa du Bocage